mais, ainda – FÁBIO TREMONTE

 

55SP apresenta Fábio Tremonte.

mais, ainda é uma exposição-playlist.

Mais do que uma exposição de diversas peças em técnicas distintas, ela é uma exposição de partes de um processo que se compõem, fragmentos que podem não dizer muito se estão isolados, mas que, em um conjunto, dizem de um momento, um tempo bem específico em que o desejo de criar formas esteve muito conectado ao desejo de experimentar de outra maneira o corpo, os movimentos, as conexões. Um tempo de pensar em como compor-com.

E uma playlist é um grande exercício de compor-com.

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Essa exposição começa com o desejo de contar uma história, ou algumas histórias, que tratam sobre o corpo durante a pandemia e nesse retorno (pós?) pandêmico.

Que corpo é este que volta a operar e funcionar em modo presencial? Como está esse corpo após dois anos de crise sanitária-ambiental? E depois do distanciamento social? Como voltar a estar juntas/juntos/juntes de outras/outros/outres? Voltamos ao mesmo regime de valores e trocas? Levando em consideração que esta crise sanitária é também uma mutação ambiental duradoura e irreversível, será que entendemos a real dimensão das transformações provocadas por essa experiência e este contexto? Como voltar sem retomar, se é que é possível, ao antigo regime de valores que nos fez chegar onde nos encontramos hoje? O que mudou depois desta experiência?

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Uma nova relação com o tempo. Para o tecer, há toda uma preparação necessária para iniciar a trama, os fios que irão dar a forma daquilo que estou ou não pensado. Tecer se assemelha a uma grande deriva, a um deixar o corpo/as mão seguir(em) um trajeto não determinado, sem pressa, sem tempo, sem destino definido. Enquanto a cerâmica pede um tempo específico. Amassar o barro, tirar as possíveis bolhas, modelar o que se quer. Deixar passar o tempo de secagem. Queimar. Queimar mais uma vez. A expectativa do que sairá do forno, o encontro entre o esperado e a forma. E o desenho, que embora seja companhia constante de quase-toda-a-vida, já não o visito com tanta freqüência quanto antes. Mas, está aqui presente numa série iniciada para a mostra citada, transformando imagens imaginadas de plantas em riscos. Afinal, somos todos riscadores. Aqui, invoco o título da minha última exposição individual. 


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Fábio Tremonte [1975] Artista e curador. Bacharel, mestre e doutorando em artes visuais na Escola de Comunicações e Artes de Universidade de São Paulo.

Escolhi a arte pela possibilidade de não precisar me tornar um especialista. Cozinheiro de manhã, antropólogo de tarde, DJ de noite, e assim por diante. Percorro trajetos atravessados pela culinária, antropologia, pedagogia e termino sempre na pista de dança. Busco nesses encontros pensar em possibilidades inter-, trans-, pós-, e in-disciplinaridades. Também estou atento a conhecer e entender os vários mundos que habitam esse mundo e nas relações entre plantas, animais e outros que-não-humanos. Mantenho projetos de duração imprevista: valderramas_project, Deriva culinária, Escola da Floresta. Junto gente para fazer junto na cozinha, na escola, na pista de dança, mas isso não é tudo.

Em 2022, inicio o Práticas de composição [laboratório de performance, movimento e expressão] em parceria com Filipe Barrocas. Em 2021, iniciei o pedagogia em público em parceria com Mônica Hoff e também sou curador do programa pedagogia infinita de Aeromoto, Cidade do México. Desde 2020, proponho um programa chamado de Práticas Compartidas, processos de formação de zonas comunitárias difusas, fazeres e saberes comunais e lugar de formação e auto formação compartilhados. Em 2020, fui curador pedagógico do Valongo Festival da Imagem, edição suspensa pela pandemia. Em 2019, apresentei a oficina No sea curioso! no Seminário internacional Pedagogias de la contigencia no MUAC na Cidade do México; coordenei a programação da Escola de Arte Útil de Tania Bruguera na exposição Somos muit+s: experiências de coletividade na Pinacoteca, em São Paulo. Em 2018, fui artista residente na Social Soups, a comida como transformação social, em Gênova, Itália. Na Patagônia argentina, fui curador da Residencia Artistica Barda del Desierto das edições de 2017, 2018 e 2019. Fui curador educativo da segunda edição da Trienal de Artes Frestas - Entre pós-verdades e acontecimentos no Sesc Sorocaba, em 2017. Atuei como coordenador de atendimento educativo nas seguintes instuições: Instituto Tomie Ohtake [2015], 28ª Bienal de São Paulo [2008], Itaú Cultural [2005 - 2006]. Dentre as publicações educativas que produzi, destaco: Anotações para a educação lembrar-se arte e política (e a arte lembrar-se política e educação - e a política lembrar-se arte e educação) para a exposição Entrevendo de Cildo Meireles, no Sesc Pompéia, 2019 [em co-autoria com Valquiria Prates] e Um guia para imaginar outras possíveis escolas para a exposição Trienal de Artes - Entre pós-verdades e acontecimentos no Sesc Sorocaba, 2017. Em 2016, traduzi o texto Como fazer? de Tiqqun [em colaboração com Fernando Scheibe e Kamilla Nunes]. Entre 2011 e 2014 fui professor de artes no ensino fundamental da Escola Ágora, em Cotia,SP.

Dentre as exposições que participei, destaco as individuais: Tenemos que pensar/We must Think na Correlación Contepóranea, Lima, Peru [2021]; Somos todos riscadores na Periscópio Arte Contemporânea [2019]; Delírio Tropical na UnimediaModern em Gênova, Itália; Escola da Floresta [Leitura do Relatório Figueiredo] na Oficina Cultural Oswald de Andrade [2016]; Domingo, na Periscópio Arte Contemporânea, Parágrafo único na Pivô e Propriedade de uso comum no Ateliê 397 [2015]; Camuflagem na fachada da Galeria Vermelho [2007], Vista para o mar no Centro Cultural São Paulo [2006], Paisagem #4 no Paço das Artes [2005]. Também, participei de diversas exposições coletivas no Brasil, destacando Ninguém vai tombar nossa bandeira, pelas ruas da cidade de São Paulo durante o carnaval de 2021; A queda do céu na Caixa Cultural de Brasília [2019]; Arte Democracia Utopia no Museu de Arte do Rio e Estado(s) de Emergência no Paço da Artes [2018]; As Bandeiras da Revolução – Pernambuco 1817/2017 na Fundação Joaquim Nabuco [2017]; Agora somos mais de mil no Parque Lage e Terra Falsa no Coletor [2016]; Como diz o outro no Coletor, Hipótese e Horizonte no Observatório [2015]; Partir do Errar na Galeria Pilar, Taipa-tapume na Galeria Leme e Deslize - Surf Skate no Museu de Arte do Rio [2014]; Não mais impossível no CCBNB de Fortaleza, Técnicas de desaparecimento, próximo a Guantánamo, Cuba e Abre-alas na A Gentil Carioca [2012]; Porque sim. na Galeria Millan e Exposição de Verão na Galeria Silvia Cintra + Box4 [2011]; 15º Salão da Bahia no MAM Bahia [2008];  Panorama da Arte Brasileira no MAM São Paulo com o Grupo EmpreZa e Ocupação no Paço das Artes [2005]; Artista Personagem no Mariantônia [2004], Vizinhos na Galeria Vermelho [2003] e 9º Salão da Bahia no MAM Bahia com o projeto rejeitados [2002]. Em 2001, fui um dos criadores do grupo empreZa, que integrei até 2007. Destaco duas coleçōes nas quais tenho trabalhos no acero: Banco do Nordeste do Brasil em Fortaleza, CE e Madeira Corp. na Ilha da Madeira, Portugal

Recentemente, comecei a fazer tapeçaria.

Prefiro escrever em portunhol.

 
Ponto Fixo
R$4,200.00
 

Para saber mais sobre o artista:

 
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